sexta-feira, 1 de julho de 2011

Caso Juan: Wanderson tem medo do que vai acontecer;

A cada vez em que olha para os mais de 20 pontos que vão do peito até a virilha e para as três perfurações de tiro nas pernas e nas costas, o repositor de mercadorias Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, relembra a noite de 20 de junho, quando foi baleado com Weslley Felipe de Moraes, de 14 anos, e Juan, de 11, num beco da comunidade Danon, em Nova Iguaçu.
Internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, o jovem está sob proteção de policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
— Fiquei mais uma hora no trabalho e esqueci em casa a apostila e o caderno. Só tinha colocado a marmita e o desodorante na mochila — contou.
Antes de ir para casa, Wanderson decidiu visitar uma amiga que mora próximo de Weslley e Juan:
— Estávamos caminhando no beco, o Juan na minha frente e o Weslley mais atrás. Só percebi que era tiro quando senti a minha perna direita queimando, a bala entrou nela e atingiu a outra perna. Vi o Juan caído. Não deu tempo de gritar e fui atingido novamente. Corri e pedi ajuda.
Socorrido por uma moradora, Wanderson ligou para o pai, o porteiro José Antônio de Assis, de 59 anos. Ajudado por ele e pelo irmão Francisco, de 30, o jovem chegou à UPA de Cabuçu. Lá, PMs o reconheceram como sendo um dos envolvidos no tiroteio entre PMs do 20º BPM e traficantes, uma hora antes. Mas foi no Hospital da Posse que recebeu voz de prisão dos PMs por tentativa de homicídio:
— Tentei dizer que eu estava voltando do trabalho, mas não adiantou.
‘Tenho medo de voltar’
Em Saracuruna, Wanderson ficou algemado na maca. Na segunda-feira, a Defensoria Pública obteve a liberdade provisória do jovem. Mesmo assim, ao comentar o próprio futuro, ele consegue falar apenas de medo:
— Mesmo não vendo quem atirou na gente, tenho medo de voltar para casa. Ao mesmo tempo que quero proteção, quero a minha família. Ainda preciso acertar a situação na Justiça. Não sei o que será de mim.
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSOL), o jovem pode ser inserido num programa de proteção à testemunha, pois o Ministério Público optou por não oferecer denúncia contra ele na Justiça.

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